A música que deprecia

03/08/2015

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Vou te bater na cozinha”, “Se você fosse um prego e eu um martelo, eu te prenderia“. Essas frases, por incrível que pareça, fazem parte de letras de músicas de reggaeton, um ritmo musical popular cujas letras, muitas vezes, fazem referência ao sexo explícito, à  violência e abuso sexual contra as mulheres. De acordo com a equipe responsável pela campanha, oito em cada dez mulheres que escutam o gênero se sentem ou já se sentiram ofendidas.

Para demonstrar sua revolta e protestar contra o conteúdo agressivo de músicas do gênero, um grupo de designers e fotógrafos colombianos criou a campanha “Use a Razão”, que apresenta peças que trazem cenas com representações chocantes de letras reggaeton e que se tornou um verdadeiro sucesso nas redes sociais da América Latina.”Muitas letras de Reggaeton têm uma dose de conteúdo sexual e violento, com a mulher sendo tratada e vista como um mero objeto. Muitas pessoas escutam essas músicas por gostarem do ritmo, mas quando você começa a prestar atenção na mensagem que ela está passando você percebe o quão horrível ela é“, explica Alejandra Hernandez, designer que iniciou o projeto de transformar as letras em imagens com recursos visuais fortes.

O perfil oficial da campanha no Facebook, que traz a mensagem “Não deixe que a música degrade a sua condição”, já possui mais de 33 mil curtidas e milhares de comentários e discussões sobre o assunto. Debater o tema, segundo Lineyl Ibáñez, era um dos objetivos da ação. Para ela, a linguagem, tanto visual quanto verbal, afeta diretamente o modo de vida das pessoas. “Se temos música violenta, teremos uma sociedade violenta. Homens e mulheres têm que pensar sobre o que estão ouvindo, pois a música afeta o nosso comportamento“, diz.

Enquanto a campanha conseguiu mobilizar milhares de pessoas e foi bastante elogiada pela mídia em geral, alguns amantes do Reggaeton se sentiram traídos. “Agora todos vão se voltar contra um gênero cultural como o Reggaeton? Isso é um exagero. Diversas músicas de Rock falam em estuprar mulheres. É só procurar“, afirma uma internauta em sua conta do Twitter. Mas a campanha foi prontamente defendida. “Como você pode pedir respeito e na boate dançar ao som de uma música com uma mensagem que apalpa seu corpo sem tocar em você ?“, respondeu outra internauta.

Para se defender das diversas críticas, o perfil oficial da campanha também respondeu, deixando claro que a campanha não é contra o gênero musical e sim contra as músicas com teor violento e sexual. “Como uma campanha, a nossa intenção não é ser contra reggaeton. Nós apenas queremos que haja mais consciência, de modo que as mulheres possam ser mais apreciadas dentro deste género musical e não sejam retratadas como um objeto sexual e sim como um ser profundamente inteligente e valioso em espírito, corpo e alma“, explica.