Com um acúmulo diário de 16 mil toneladas de lixo nas ruas, Hong Kong foi palco de uma ação multimídia de conscientização que promete constranger quem tem o costume de jogar lixo em espaços públicos.
Em um esforço da organização Hong Kong Cleanup para limpar a cidade e incentivar uma mudança de atitudes das pessoas, a campanha “The Face of Litter” (O rosto da sujeira, em português), provocou polêmica ao construírem um retrato digital de quem joga lixo na rua para serem divulgados em posters, outdoors e na internet. Com o auxílio da empresa de tecnologia de DNA Parabon Nanolabs, os retratos são desenvolvidos a partir de amostras do material genético coletados em lixos jogados em locais específicos de Hong Kong – como cigarros, preservativos e copos de plástico.
Como o material genético não entrega a idade da pessoa, o DNA foi combinado com outros fatores, como dados demográficos com base no tipo de lixo coletado e onde foi coletada para determinar a idade aproximada do autor e formar o retrato mais preciso possível. Rafael Guida, Diretor Executivo de Criação da Ogilvy, criadora da campanha, afirma que mesmo se o método não identificar indivíduos com precisão, ainda será suficiente para se comunicar com a população de uma forma muito diferente e fazer as pessoas pensarem duas vezes antes de sujarem as ruas. Para complementar a ação, a agência Ogilvy & Mather promoveu também um vídeo que mostra a experiência e adverte as pessoas para que não se tornem o próximo rosto da campanha.
Se para alguns a ação pode ter ido longe demais, para a chefe de criação da agência Ogilvy & Mather, Reed Collins trata-se de um experimento científico único, interativo e inovador usado para criar uma mudança social. “Graças à tecnologia de DNA recentemente disponível nós podemos agora dar uma cara para esse crime anônimo”, disse em uma matéria do site PR Newswire.
Além de abordar um problema grave em Hong Kong, “The Face of Litter” busca também aumentar a visibilidade da organização Hong Kong Cleanup, que defende causas ambientais e organiza operações voluntárias para pegar lixos das áreas urbanas, costas e parques. Em 2014, durante um desafio de seis semanas, a organização coletou, aproximadamente, quatro milhões de quilos de lixo das ruas com a ajuda de 418 times compostos por mais de 50 mil participantes. Segundo a fundadora da Hong Kong Cleanup, Lisa Christensen, a cidade vem sofrendo com uma séria mentalidade de ‘alguém vai pegar esse lixo depois’. “Isso simplesmente tem que mudar”, completou. De acordo com o jornal O Tempo, a iniciativa foi desenvolvida após o governo anunciar que 95% do lixo presente nos mares da China são originados do próprio país.
Portanto, se um dia você for à Hong Kong, pense duas vezes antes de jogar seu lixo na rua. Você pode ter se rosto estampado pelas ruas.