Se olhar no espelho pode revelar coisas dolorosas de enxergar. “Quando você, já não se vê”. O homem passa pela galeria com cenas da própria vida, que mudou radicalmente. Até se deparar com o espelho. A campanha de sensibilização sobre o uso do crack criada pela nova/sb para a Prefeitura de São Paulo aborda o problema sob o viés da saúde pública.
A campanha de sensibilização começou a ser veiculada na véspera do Dia Internacional Contra o Abuso e Tráfico Ilícito de Drogas e Dia Nacional de Combate às Drogas (26 de junho). Além do filme para TV e internet, foram criadas ainda peças de mobiliário urbano e anúncio.
Existem 370 mil usuários de crack nas capitais brasileiras mas estima-se que o número de usuários no total pode ser maior: 2 milhões usam ou já usaram a droga. Essa é a estimativa mais recente do governo, feita em 2014. As pesquisas mostram que, além de ser tóxico para o cérebro, o crack traz muitos outros danos. Só o Brasil representa 20% do consumo mundial de crack, e é o maior mercado da droga no mundo. No País, aproximadamente dois milhões de pessoas já usaram a droga, segundo a pesquisa mais recente do Lenad (Levantamento Nacional sobre Álcool e Drogas feita pela Unifesp).
Efeitos
Em entrevista ao R7, Ivan Mario Braun especialista do IPq (Instituto de Psiquiatria) do HCFMUSP (Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da USP), autor do livro Drogas, perguntas e respostas, afirma que o crack tem efeitos extremamente nocivos ao organismo. Uma das piores consequências é conhecida como “pulmão de crack”.
— É quando a pessoa tem o comprometimento do tecido pulmonar. É muito agressivo. Acaba corroendo as vias respiratórias e pode até levar à morte, mas, antes de prejudicar a respiração, os efeitos são febre, falta de oxigênio no sangue, insuficiência respiratória e catarro na garganta.
Porém, os impactos do crack no organismo podem ser devastadores devido à velocidade e potência com que seus componentes chegam ao pulmão e ao cérebro, segundo alerta o psiquiatria e psicólogo responsável por pesquisas de ensaio clínico para o tratamento de dependência por crack da Unifesp André de Queiroz Constantino Miguel.
— Geralmente, pessoas que fazem uso dependente de crack tendem a ficar mais impulsivas, irritáveis e com maior oscilação de humor. Com o tempo, ficam mais explosivas quando frustradas ou questionadas sobre seu consumo por amigos ou familiares. Seus interesses por atividades alternativas diminuem e seu foco se restringe basicamente às atividades ligadas ao uso.
Além disso, Miguel alerta que a necessidade do crack pode deixar a pessoa mais agressiva.
— A vontade de consumir e não ter a droga disponível no momento causa maior agressividade e estresse, porque ela realmente precisa daquela quantidade de substância para se sentir motivada.