Pesquisa mostra que três em cada quatro moradores das capitais não se sente seguro onde vive
Por Demétrio Weber e Flávio Freire*
A violência muda hábitos da maioria dos brasileiros. Andar de carro com os vidros fechados é parte da rotina de 61% da população, enquanto 58% não deixam os filhos saírem sozinhos à noite e 53% evitam caminhar nas ruas do próprio bairro depois que escurece. Outros 18% admitem encomendar comida por telefone para evitar o risco de sair de casa. É o que revela pesquisa do Ibope, realizada por telefone fixo, com 1.400 pessoas acima de 16 anos, em todo o país, entre os dias 7 e 9 de agosto.
Nas capitais, três em cada quatro moradores 76% consideram insegura a cidade onde vivem. Quase a metade 46% diz que já teve vontade de mudar de casa por causa da falta de segurança. A pesquisa foi feita para a agência Nova S/B Comunicação. A margem de erro é de três pontos percentuais.
A insegurança faz com que as pessoas limitem horários, áreas e atividades. O habitat urbano muda em função disso. As pessoas começam a viver em condomínios fechados, com seguranças, grades.
O medo da violência tem custos econômico e social muito altos, em termos de qualidade de vida diz o sociólogo Ignácio Cano, pesquisador do Laboratório de Análise da Violência da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (Uerj).
Os pesquisadores pediram aos entrevistados que indicassem quais atitudes tomam para enfrentar a violência, numa uma lista de nove opções. As pesquisa constatou que 36% o percentual é o mesmo entre homens e mulheres já adotam cinco ou mais dessas atitudes, que podem ser entendidas como mudanças de hábitos.
*Demétrio Weber e Flávio Freire são repórteres do jornal O Globo. Matéria publicada pelo jornal em 19 de agosto de 2007.