O mascote e a Natureza

22/06/2007

Por Maria Helena Passos

Braços, pernas, corpo, pescoço, cabeça e rabinho _ tudo de latinha. É o Amigaço, um mascote que se intitula o maior amigo da natureza. A cada dia, ele está mais popular entre camadas pobres da população. É o garoto propaganda do Reciclaço, um programa sem fins lucrativos da Metalic Brasil, companhia do grupo CSN, dedicada a reciclagem de embalagem de alumínio.

Trata-se de uma empreitada que envolvia, em dezembro de 2006, um apreciável contingente de participantes ao longo do processo.
Na base, estão 50 mil catadores credenciados de latas de bebidas em 132 municípios do Pará, Maranhão, Piauí, Ceará, Rio Grande do Norte, Paraíba, Pernambuco e Bahia. Eles recebem subsídio da Metalic, à base de 0,10 por quilo coletado, que lhes é repassado pelos sucateiros másteres, além de auferirem o valor de mercado do comprador de sucata.

O rol de sucateiros envolvidos no Reciclaço soma 389 estabelecimentos credenciados em 17 estados brasileiros, dos quais 77 são pessoa jurídica e, por essa razão, batizados de másteres.
Na outra ponta, está a Gerdau, grupo siderúrgico gaúcho que adquire tanto uma parte da sucata produzida pela Metalic em Maracanaú, no Ceará, quanto dos sucateiros capazes de entregar insumo de caminhão.

Em 2006, o índice de reciclagem, aferido pela ERM Brasil, uma consultoria ambiental internacional, foi de 88%, superando pela segunda vez a meta de 75%. Ele é a relação entre tudo o que a Gerdau compra de lata no Norte e Nordeste e a venda da Metalic para cada região.

Nos quatro primeiros meses de 2007, o Reciclaço deu conta de 77.989 toneladas de latas de aço. No ano de 2006, o volume atingiu 19.047 toneladas. O inequívoco avanço se reflete, inclusive, no valor do subsídio.

Ele já foi de R$ 0,40 por quilo de latas. Seu valor caiu a um quarto em função da quantidade de sucata disponível no mercado, do tipo e tamanho das festas populares das quais participa o programa.

O maior dos eventos é a coleta de lixo no Carnaval de Salvador. Mas o Reciclaço também participa, por exemplo, do Dia Mundial de Limpeza de Praias em todo o litoral nordestino e das atividades do Dia Mundial das Águas em Maracanaú.

Em todas as iniciativas de educação ambiental, o Reciclaço se divulga através de campanha de outdoors, televisão e rádio. A verba de comunicação do programa denota o interesse que a CSN, através da Metalic, dedica ao projeto em legítima informação de interesse público: em 2006, foram investidos um quarto dos R$ 176.500,00 previstos no orçamento de 2007.

No ano passado, os subsídios somaram R$ 1,6 milhão. Diante do porte do problema e da produção anual da CSN, pode-se entender, de fato, que o Reciclaço é um modestíssimo empreendimento. Mas a velocidade com que avança é mais do que louvável. A Natureza agradece.

Maria Helena Passos é jornalista
helenawf@uol.com.br