O Complô da indústria do tabaco

Pierre decide parar de fumar. E é posto à prova por ‘agentes’ que tentam a todo custo lhe convencer a fumar um cigarro. O Complô, filme criado pela agência francesa Phileas para o Comité National Contre Le Tabagisme (CNCT), conduz o espectador como um trailer de um filme de suspense ou espionagem. De acordo com a agência, a intenção foi “ultrapassar os limites da realidade para mostrar que ela pode ser ainda mais assustadora e inesperada”. Entre as táticas da indústria do tabaco para dificultar que os fumantes larguem o vício estão a inclusão de aditivos químicos que tornam o cigarro ainda mais viciantes, adição de sabores e o uso marketing para encobrir os malefícios causados pelo fumo. A CNTC alerta que as estratégias se contrapõe aos argumentos da própria indústria do tabaco de que fumar seria uma escolha individual. “Enquanto 60% dos fumantes gostariam de parar ou nunca ter começado a fumar, a proporção daqueles que conseguem parar ainda é muito baixo”, avalia a entidade.

O CNTC é uma das mais antigas

associações contra o tabaco da França. Foi fundada em 1868 como Association Française Contre l’Abus du Aabac (leia mais aqui). Em seu site, a ONG divulga documentos, estudos e relatórios sobre os malefícios do tabaco e as estratégias da indústria tabagista para enganar as pessoas. No Brasil, a agência nova/sb percorreu várias cidades com a mostra “Propagandas de Cigarro – Como a Indústria do Fumo Enganou as Pessoas”, que tem 90 peças de campanhas publicitárias veiculadas nos Estados Unidos entre as décadas de 20 e 50 e foi trazida para o Brasil pela agência nova/sb.

No anúncio, a garantia que esta marca protegeria a garganta de irritações e tosse.

As peças parecem ser uma brincadeira de tão absurdas. “Garganta Sensível? Fume Kool”, “Médicos fumam Camel mais do que qualquer outro cigarro” e “20.679 médicos dizem que Lucky Strike não irrita a garganta” são alguns dos exemplos estampados nas peças publicitárias da época. A exposição está no Brasil desde 2009, ano em que a nova/sb teve a iniciativa de trazê-la com exclusividade para o país. Desde então, já foi vista por mais de 130 mil pessoas em espaços públicos e culturais em São Paulo, Brasília e Rio de Janeiro. Atualmente a mostra original está exposta no campus da Universidade Mackenzie do Rio de Janeiro. Veja aqui o post do blog sobre a exposição e confira algumas peças.

Campanhas da OMS expõem marketing

Além da exposição, a agência nova/sb fez duas campanhas mundiais para a Organização Mundial de Saúde (OMS) desconstruindo o marketing das empresas de tabaco. Em 2010, a campanha Fumar não é Moda, é Vício mostrou como o cigarro tenta se associar à imagem de glamour do mundo da moda (confira aqui). As peças evidenciaram a falsidade dessa associação, mostrando que ninguém é mais bonito, mais independente ou melhor porque consome tabaco. Já em 2008, a estratégia foi voltada para os jovens. As peças de Break The Tobacco Marketing Net (“Quebre a Rede de Marketing do Cigarro”) alertou sobre as armadilhas da “rede” de marketing da indústria do tabaco, que utiliza todas as formas de comunicação disponíveis nos países em que atua, como forma de “cercar” o jovem com suas mensagens, usando desde técnicas sofisticadas de relações públicas e promoção até táticas ocultas de marketing viral em sites como YouTube e redes de relacionamento na internet (confira aqui).

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