O jornal NY Times publicou uma matéria (reproduzida no encarte brasileiro na Folha de S. Paulo hoje) que mostra que os australianos acham que o sabor do cigarro ficou ruim após os maços passarem a exibir as doenças causadas pelo tabaco, embora não tenha havido nenhuma mudança na “fórmula” do produto. As imagens de fetos abortados, pacientes com câncer e outros malefícios passaram a ser obrigatórias nas embalagens dos derivados do tabaco em dezembro de 2012 e impuseram uma das maiores derrotas judiciais já sofridas pela indústria tabagista no mundo (leia mais aqui).
De acordo com a ministra da Saúde da Austrália, Tanya Plibersek, logo após a mudança nas embalagens houve uma avalanche de queixas e acusações de que o governo havia mudando também o sabor. “Ao se deparar com a embalagem feia, as pessoas sentiram um efeito psicológico repulsivo no gosto”, explica. É a mesma arma que a indústria do tabaco usa, só que ao contrário com suas embalagens cativantes – inclusive para o público infantojuvenil. A queda de braço com o governo australiano, entretanto, está longe de acabar. Depois de perder nos tribunais, a Philip Morris acusa o país de ferir a legislação de comércio internacional, mais precisamente um acordo bilateral de 1993 destinado a promover e proteger o comércio entre a Austrália e Hong Kong. De acordo com a empresa, com sede em Hong Kong, ao retirar a identidade de marca de seus produtos para a colocação do alerta de saúde, a lei fere a sua propriedade intelectual violando acordo.
Cuba, maior produtor de charutos finos, apresentou uma “pedido de consultas” à OMC (Organização Mundial do Comércio) sobre a atuação da Austrália. Foi primeira vez que o país usou este expediente para confrontar outra nação diretamente sobre suas leis comerciais. A República Dominicana, Honduras e Ucrânia também levaram a questão para a OMC, citando “barreiras técnicas” para o comércio e as violações dos direitos de propriedade intelectual.