Pedido de socorro

29/01/2015

no more

Uma mulher liga para o 911 – serviço de emergência dos Estados Unidos – e faz um pedido de entrega de uma pizza. O funcionário do serviço de emergência, que a princípio fica confuso, checa o histórico de denúncias de violência doméstica do número e percebe que ela não quer pizza alguma. Ela quer ajuda.

Para muitos esse relato soa familiar. É que a história é real. Aconteceu em 2014 e foi revelado pelo próprio atendente Keith Weisinger.  Notícia no mundo todo, a história viralizou também nas  redes sociais. E foi a inspiração para a nova campanha do movimento No More, que busca sensibilizar a opinião pública a respeito da violência doméstica e abuso sexual. No filme de 60 segundos, a cena ocorre sem mostrar nenhuma das pessoas envolvidas, mas o áudio e o cenário já são o suficiente para retratar o desespero da vítima que busca ajuda. No fim, a mensagem: “Se está difícil para falar, cabe a nós ouvir”.

Criada para ser veiculada no intervalo do Super Bowl 2015 – que será realizado neste domingo (1º de janeiro), o espaço publicitário mais concorrido e caro do mundo, a campanha contou com a ajuda da Liga Nacional de Futebol Americano (NFL). A entidade disponibilizou a sua agência interna para a produção do comercial e deu 60 segundos do seu espaço comercial que, se tivesse sido pago, custaria cerca de 9 milhões de dólares (segundo Wall Street Journal).

A boa ação e a parceria na campanha também  pode ajudar a própria NFL a melhorar a sua imagem, que vem sofrendo com casos de jogadores profissionais envolvidos em denúncias de violência doméstica. Em 2014, após a divulgação de um vídeo, um dos maiores astros  da Liga e, até então jogador do Baltimore Ravens, Ray Rice, foi acusado de agredir sua noiva Janay Palmer em um elevador. Com a polêmica que percorreu o mundo, Ray foi demitido do seu time e suspenso por tempo indeterminado da Liga. “Violência doméstica e agressão sexual são erradas. São ilegais. Tais atos não têm espaço na NFL e são inaceitáveis de qualquer forma, sob quaisquer circunstâncias. Essa tem sido e permanece sendo a nossa política”, afirmou o Presidente da NFL, Roger Goodell, em um comunicado oficial.

Vale lembrar que dia 30 de janeiro é o Dia Inetrnacional da Não-Violência, de acordo co o calendário oficial do Ministério Público.

Grupo Feminista ataca os casos relacionados à NFL

Aproveitando também a proximidade do Super Bowl, um grupo feminista americano chamado UltraViolet lançou um anúncio provocativo (acima) em referência aos recentes casos de violência doméstica envolvendo jogadores da National Football League. No filme, um jogador se prepara para o tackle – ato de parar o adversário fisicamente. Acontece que nesse caso, o “adversário” a ser atacado é uma mulher sozinha no meio do campo. No fim, o grupo denuncia: “55 casos de abusos ligados a NFL sem respostas”, e convida o espectador a compartilhar a hashtag #GoodellMustGo, pedindo a renúncia do presidente da Liga.

 

Influência do Esporte

Mesmo sem ter sido estatisticamente comprovada, existe uma ideia nos Estados Unidos que a violência doméstica aumenta nos domingos de Super Bowl, resultado muitas vezes da mistura do álcool com a nervosismo dos fãs. De acordo  com o site US News, apesar de especialistas na área descartarem essa teoria, eles valorizam o aumento da atenção dada a violência doméstica na ocasião. “O Super Bowl não causa e nem aumenta a violência doméstica mas faz aumentar a conscientização do público sobre a questão”, diz Cindy Southworth, vice-presidente de desenvolvimento e inovação na Rede Nacional pelo Fim da Violência Doméstica.

Diferente do SuperBowl, o aumento do número de caso de violência doméstica na Inglaterra durante jogos da seleção é comprovado. Segundo uma pesquisa recente, quando a seleção inglesa perde, os casos de violência doméstica aumentam em 38%. Leia mais aqui.