“O que vão dizer de você? Que você não devia estar aí fora? Que isso não é coisa de mulher? Que você não foi feita para isso? Ou, talvez, digam que você é forte. Que você não pode ser parada. Que você sempre encontrará um caminho. Que você parece tornar isso fácil. Que você parece bem. Ou talvez dirão o quanto você é grande.” Esta é a tradução do filme acima feito para as mulheres de países árabes mas que funciona também para as ocidentais.
As brasileiras também sabem bem o quanto é difícil usar roupas apertadas, praticar esporte sozinha, sem ser julgada ou correr risco de assédio. Mas imagine tudo isso no mundo árabe, onde muitos países ainda obrigam as mulheres a se cobrirem inteiramente de véu e roupas mais largas para “não despertar o desejo dos homens”. Acredite este comentário e piores estão no canal do YouTube do novo filme da Nike Women voltado para as mulheres do Oriente Médio.
Com mais de dois milhões de visualizações no YouTube, a propaganda criada pela Wieden + Kennedy é narrado pela artista saudita Fátima Al-Banawi e estrelado por atletas profissionais – Amal Mourad (parkour, Emirados Árabes), Zahra Lari (patinadora, Emirados Árabes), Inès Boubakri (esgrimista, Tunísia), Arifa Bseiso (boxeadora, Jordânia) e a cantora pop Balquees Fathi (Emirados Árabes).
O filme trabalha magistralmente símbolos e metáforas, destacando os sucessos dessas cinco mulheres que competem no esporte, contra todos os desafios e, às vezes, as normas culturais. Um dos destaques é Zahra Lari, que treina para se qualificar para os Jogos de Inverno de 2018. Ela aparece na cena final, como exemplo a uma menina que dá os primeiros passos no gelo. “Eu tive muitas críticas durante toda a minha jornada, mas nunca deixei que isso me parasse ou me derrubasse”, acrescenta Lari, em entrevista à Vogue. “As pessoas devem saber que as atletas dos Emirados Árabes são fortes.”
O filme da Nike declara que “se você tem um corpo, você é um atleta”. Uma frase forte, que pode desafiar as percepções de muita gente. Como o internauta Yousef Al-Qahtani que deixou um comentário no Youtube dizendo que as mulheres muçulmanas são bem sucedias e distintas “ao se dedicar aos
valores islâmicos e morais nobres. Se falharem na educação de seus filhos, não terão servidos em algo, mesmo que tenham as mais altas posições e terão contribuído para a perda da comunidade por causa de seus filhos”. Mas esse foi um comentário mais leve. Outro usuário disse que praticar esportes em roupas justas significa que a mulher é “prostituta”.
Com informações da Vogue Arabia.
