“- Fronteiras … Alguma coisa boa veio delas?
Separação? Limites? Eu vi tantas quanto a humanidade foi capaz de criar. Fronteiras invisíveis, humanos, entre homens e mulheres, entre os fracos e os gordos. Entre aqueles que tomam decisões e aqueles que os desacatam. Tenho visto fronteiras levantadas por homens, por falar outro idioma, por beijar outros homens ou simplesmente porque não se quer ter nada a ver com o que estar ao lado. Fronteiras em nome de Deus, pela lei. Fronteiras. Em terra podem manter distância. Mas do céu, te demostramos que não é assim.”
Substitua a palavra fronteira por muros e o resultado é igualmente poderoso. Em inglês, português e espanhol, a definição de fronteira, limite e muro quer dizer quase o mesmo: separação, segregação. A campanha da Aeromexico, criada pela Ogilvy & Mather, foi veiculada em abril do ano passado. Mas, no momento em que o presidente dos EUA, Donald Trump, assina uma ordem de revogação de vistos, proíbe a entrada de cidadãos de 7 países e refugiados por 120, a mensagem da propaganda sintetiza o momento. Entre o horror das vítimas dos muros e as regras impostas por quem tem o poder de construí-los.
Derrubar muros não é nada fácil. Há nove meses atrás, o então candidato republicano, o magnata dos cassinos e empreendimentos imobiliários, Donald Trump, já conquistava apoiadores e prometia a construção de um enorme muro para separar as fronteiras com o México. De lá, segundo ele, vem todo o crime, o tráfico. O discurso foi se ampliando na medida em que um muro invisível era erguido: os refugiados e imigrantes seriam responsáveis pelo desemprego. O muro invisível da intolerância foi erguido a tempo da vitória de Trump nas eleições, em novembro. E ele dividiu boa parte da sociedade americana. Derrubar este e deixar de construir outro, o da fronteira, cabe agora aos próprios americanos.