Julia Kiran é a líder do Team Secret, que em outubro se tornou o principal time feminino do mundo.
Ela acha que isso reflete uma atitude comum: “Sempre se achou que times femininos não fazem parte da ‘cena’ profissional. Os jogadores homens nos tratam como se fossemos algo paralelo, que não conta.”
Uma das soluções encontradas tem sido a criação de times femininos e torneios voltados apenas para mulheres.
Esse foi o caminho de Steph: “Eu sou prova de que isso ajuda de verdade, porque vi mulheres competindo e pensei: ‘quero ganhar essa copa do mundo’. É muito mais intenso ser inspirado por alguém com quem você se identifica.”
Mas os torneios femininos também estão cheio de controvérsias. Muitas jogadoras, incluindo Julia, acreditam que eles reforçam divisões entre gêneros.
“Seria ótimo ver algo em que homens e mulheres estão trabalhando juntos”, diz.
Ainda há um abismo enorme entre os rendimentos de homens e mulheres em torneios e patrocínio.
Os ganhos dos principais jogadores homens ultrapassam US$ 2,5 milhões, enquanto as principais jogadoras não alcançam US$ 200 mil. Os times femininos rendem menos, o que faz com que consigam menos patrocínios e uma cobertura inferior na imprensa.
Steph espera que grandes empresas passem a apoiar torneios femininos e jogadoras, “porque no fim das contas você precisa de dinheiro para competir”.
“Ultimamente, a sensação é que o objetivo é extinguir os torneios femininos, como se não houvesse razão para eles existirem.”
Igualdade
A Twitch, uma página de jogos online da Amazon, está trabalhando para atacar abusos no site.
Steph também criou sua própria solução: a organização Misscliks, plataforma que promove ícones femininos no mundo dos jogos.
A falta de jogadoras entrando para o mundo profissional também está conectada, segundo Steph, à história do desenvolvimento dos jogos, que sempre foi dominada por homens.
Mesmo que os e-sports não exijam habilidades físicas, “eles se focam em noções de espaço, reflexos e características que normalmente são mais fortes em homens”, ela conta.
Steph quer ver mais desenvolvedoras mulheres criando os jogos, o que poderá se refletir em mais mulheres inspirando outras a jogarem.
“Assim veremos o universo dos jogadores populares se tornando mais diverso. Se eu puder inspirar uma pessoa, já terá valido a pena.”