O que os candidatos de São Paulo dizem sobre mobilidade?
Chegamos à última semana das eleições municipais de 2016. Em São Paulo, o debate sobre mobilidade está cada vez mais quente. Tornou-se um dos temas chave na disputa entre os principais candidatos. Redução de velocidade, Uber, ciclovias, corredores de ônibus, mobilidade a pé… esses assuntos estão cada vez mais em pauta nos discursos dos postulantes à prefeitura.
Mas até que ponto o que é dito pelos candidatos são propostas de fato ou apenas mais um discurso eleitoral? Pensando nisso, nós do Comunica que Muda demos uma olhada nos Planos de Governo dos candidatos à frente nas pesquisas, para ver quais são as plataformas para a mobilidade de cada um.
Foram analisados os planos de João Dória (PSDB), Celso Russomano (PRB), Marta Suplicy (PMDB), Fernando Haddad (PT) e Luiza Erundina (PSOL).
João Dória
Com o slogan “Acelera SP”, a questão da mobilidade é um dos temas centrais na campanha do candidato João Dória, principalmente por estar em oposição ao atual prefeito, e candidato à reeleição, Fernando Haddad. Assim, uma das principais propostas de Dória é retomar os antigos limites de velocidades das marginais, reduzidos na última gestão. A medida tomada por Haddad se tornou alvo de críticas, apesar de estar de acordo com as principais tendências internacionais de mobilidade urbana.
De acordo com o tucano, a redução verificada no número de vítimas no trânsito não tem relação com a redução de velocidade. Por isso, ele propõe campanhas de mobilização e educação para a prevenção de acidentes. Há ainda propostas de revisão na questão dos radares, considerados “pegadinhas” para aplicar um número maior de multas.
O Plano de Governo do candidato cita a criação de bolsões de estacionamento pagos com Bilhete Único próximo a terminais de ônibus e estações de metrô; a criação de linhas de ônibus interbairros, para viabilizar deslocamentos sem necessidade de passar pelo centro expandido; a ampliação das linhas noturnas e nos fins de semana; modernizar o Bilhete Único, aumentando a integração entre os diferentes meios de transporte; e integrar o transporte municipal e metropolitano, gerido pelo Estado. Há ainda propostas mais genéricas, como tornar o transporte público mais atrativo, ajustar a operação dos corredores de ônibus existentes e readequar a rede de transporte.
Sobre bicicletas, o Plano destaca a necessidade de melhorar a malha cicloviária existente, promovendo pontos de conexão entre as ciclovias e ciclofaixas, e a ampliação do sistema de empréstimo de bicicletas. Já para mobilidade a pé, Dória defende a inclusão da caminhada como um dos modais do sistema de transporte, garantindo investimento para melhorar o sistema viário para pedestres.
Celso Russomano
Como Dória, Russomano é outro candidato que tem como uma das suas bandeiras de mobilidade o aumento dos limites de velocidade nas marginais, também se aproveitando das críticas à redução.
Com relação ao transporte público, o Plano de Governo do candidato destaca a ampliação das faixas exclusivas de ônibus, a expansão de terminais urbanos, a revisão das políticas tarifárias e o fortalecimento da articulação com municípios da região metropolitana, para melhorar a integração entre os sistemas de transporte.
Há ainda uma proposta de descentralização da cidade, para que menos pessoas tenham a necessidade de se deslocar para o centro expandido diariamente; uma melhor articulação entre os terminais de ônibus e estações de metrô com a rede de ciclovias; e a expansão e melhoria das calçadas.
Em entrevistas e depoimentos, o candidato chegou a afirmar que era contra a regulamentação do Uber na cidade, porém esse ponto não aparece em seu Plano de Governo.
Marta Suplicy
Um dos destaques do Plano de Governo de Marta Suplicy, no que diz respeito à mobilidade, é a questão dos pedestres. A candidata defende desenvolver um programa de recuperação das calçadas, implementar sinalização para a mobilidade a pé, com acessibilidade para pessoas com deficiência, e ampliar o perímetro de rotas acessíveis para calçadas.
A candidata também tem defendido, em entrevistas e debates, que irá revisar a política de redução das velocidades, elevando os limites nas marginais. Vale destacar que embora Marta tenha se comprometido com o aumento da velocidade máxima publicamente, este item não aparece em seu Plano de Governo.
Com relação ao transporte público, a peemedebista defende uma racionalização das linhas de ônibus, adequando a demanda ao porte e periodicidade; investir em corredores de ônibus nas vias de grande movimentação; a criação de novos terminais e modernização dos já existentes; uma nova licitação para todo o sistema, incluindo a renovação progressiva da matriz energética; e a readequação dos pontos de ônibus, com sistema pré-embarque, acessibilidade, wi-fi, iluminação e segurança.
Sobre bicicletas, Marta fala na instalação de novas ciclovias, com trajetos definidos de acordo com a demanda dos usuários, e a expansão da capacidade de bicicletários e dos sistemas de empréstimo de bicicletas. Há ainda a proposta de concessões para a construção de edifícios garagem.
Fernando Haddad
Como atual prefeito da cidade, o Plano de Governo de Fernando Haddad foca mais em mostrar os resultados do último mandato do que em apresentar novas medidas ou propostas. Assim, são destacados medidas como a criação de 400 km de faixas exclusivas de ônibus; o aumento da velocidade média do transporte público nos horários de pico; a implementação das linhas de ônibus noturnas; a modernização da frota; a nova modalidade dos bilhetes temporais, com o diário, semanal ou mensal; o passe livre para estudantes; a criação de mais de 300 km de ciclovias e ciclofaixas; e a redução dos limites de velocidade, que resultou em queda no número de acidentes e mortes.
O Plano também traz uma lista de diretrizes para a mobilidade, que continuariam a ser implementadas pelo atual prefeito, caso ele seja reeleito, com o objetivo de dar continuidade ao trabalho desenvolvido nos últimos quatro anos. As principais são: reduzir o tempo médio das viagens de ônibus, expandir as faixas exclusivas, priorizar a redução das mortes no trânsito, aumentar a rede de ciclovias, dar prioridade à mobilidade a pé e garantir o direito à mobilidade das pessoas com deficiência.
Luiza Erundina
Com relação à maior polêmica deste período eleitoral, Luiza Erundina se coloca ao lado do atual prefeito, prometendo prosseguir com as políticas de redução dos limites de velocidade.
Em seu Plano de Governo, a candidata se compromete com “a priorização do transporte público, coletivo e ativo (pedestres e bicicletas), impulsionando as formas de locomoção não centradas no automóvel individual e particular”. Assim, Erundina defende priorizar os corredores e faixas exclusivas de ônibus; incentivar o uso do transporte compartilhado; avançar em uma política de tarifa social; revisar as licitações do sistema de transporte, com auditoria das planilhas de custo das concessionárias; e a criação de novas linhas de ônibus internas nos bairros, com a revisão da frequência dos coletivos nos fins de semana.
Com relação às bicicletas, a candidata se compromete a aumentar a rede, principalmente na periferia, melhorar a segurança e integrar as ciclovias e ciclofaixas aos terminais de ônibus e estações do metrô. Há ainda a proposta de uma nova política para estacionamentos públicos e privados, sem especificar exatamente qual seria essa política.