Segundo dados para os EUA da consultoria comScore, em abril de 2013 o app era usado por 5% dos donos de smartphone entre 25 e 34 anos e por 2% dos que estavam acima dessa idade. Três anos depois, os índices mudaram para 38% e 14%, respectivamente.
Dados disponíveis para o Brasil mostram efeito similar. O índice de usuários com mais de 35 anos saltou de 12% em janeiro para 18% em maio deste ano. Aqueles entre 15 e 24 anos perderam espaço, apesar de ainda terem fatia expressiva (de 53% para 42%).
O app recebeu 10,5 milhões de usuários únicos em maio, alta de 52% sobre janeiro.
De certa forma, o aplicativo criado em 2011 por Evan Spiegel, 26, e avaliado em US$ 16 bilhões cumpre um rito natural. “Atrair um público mais amplo precisa ser o destino de toda rede social que não quer ser apenas um amor de verão”, diz o consultor Alexandre Inagaki.
O desafio é ver os adultos chegarem sem melindrar os adolescentes. Inagaki diz que um dos motivos para o sucesso do aplicativo foi justamente a filtragem etária, “proposital ou não, que fez com que se tornasse o app preferido de uma geração habituada a bigbrotherizar suas vidas”.
“Mando mais mensagens privadas, porque não quero mostrar para todo o mundo o que eu estou fazendo”, diz Ana Carolina Bignami, 13.
A adolescente conta que ficou “meio assim” pelo fato de sua mãe, Graciela, 40, começar a usar o aplicativo, mas se tranquilizou por perceber que tinha a opção de não mostrar tudo para ela.
É possível enviar mensagens para amigos ou publicar “snaps” públicos, que duram 24 horas. Este último recurso, mais parecido com uma timeline, é tido como determinante para o ganho do público mais velho.
Zanone Fraissat/Folhapress | ||
Ana Carolina Bignami, 13, ficou “meio assim” quando sua mãe começou a usar o app |
Empresas começaram a se interessar pelo aplicativo, em razão do público mais diverso e porque diretores que decidem o investimento passaram a entrar na plataforma, segundo Adrian Ferguson, vice-presidente da DM9DDB.
O aplicativo tem atraído a atenção de empresas de mídia dos EUA, que fazem conteúdo específico para a plataforma, no canal Discover, que fica acima dos “snaps” criados pelos usuários.
Há cerca de 20 companhias presentes no sistema, de CNN ao Buzzfeed. A americana NBC fechou acordo com o site famoso por suas listas para criar conteúdo específico sobre a Olimpíada.
O canal é importante do ponto de vista da receita. O Snapchat vende publicidade ali e a divide com os produtores de conteúdo.
Ainda não estão disponíveis no Brasil ferramentas oficiais para anunciantes, que permitem que a empresa planeje faturar até US$ 350 milhões neste ano, segundo o site especializado “Re/code”.