Publicado por G1 em 11/07/2016
O uso medicinal da maconha já é uma prática comprovada e utilizada em vários países. Ela pode ser usada em tratamentos de doenças como epilepsia, câncer e até mesmo alzheimer. No Brasil, o cultivo da maconha é proibido, mas a importação do medicamento à base do canabidiol, uma das substâncias da planta, já é permitida pela Anvisa. O valor, entretanto, ainda é muito alto. Os medicamentos à base de outra substância, o THC, podem ser importados graças a uma decisão da Justiça. O ‘GloboNews Especial’ mostra a luta para conseguir o remédio no Brasil e a experiência do Chile, onde o cultivo doméstico é permitido.
Desde janeiro do ano passado, o canabidiol saiu da lista de substâncias proibidas no Brasil e entrou para a relação das controladas. Assim, os médicos brasileiros podem indicar o uso, geralmente receitado para tratar doenças neurológicas graves. Não há ainda medicamento registrado, por isso é preciso importar as doses a um preço alto.
“A gente vê casos fantásticos de crianças que tinham muitas crises e ficaram livres de crises. E tem a experiência que vai ser publicada agora, a experiência chilena, um número grande de casos, mostrando também a eficácia e a segurança. Geralmente os dados têm mais ou menos se repetido, você tem um benefício. Entre 70% e 80% tem uma redução de mais de 50% das crises. Você chega em torno de 20% que pode ficar livre de crises”, declarou o neuropediatra Eduardo Faveret.
No Chile, entidades que são a favor da liberação da maconha medicinal estão muito organizadas. As mães chilenas ganharam o apoio dessas associações. Elas plantam maconha e fazem o remédio para os seus filhos. As mulheres aprenderam o passo a passo da fabricação dos medicamentos e fazem os remédios de um jeito caseiro.
No fundo da casa da Pilar, mãe do Bruno, portador de paralisia cerebral e epilepsia, tem um pé de maconha que já está plantado há um tempo. No quintal, ela prepara a maconha medicinal. Quando a resina fica pronta, é guardada em seringas com 60 doses. A dose é uma quantidade pequena que pilar mistura ao mel, faz isso três vezes ao dia e o efeito vem uns 40 minutos depois. Fazer a medicação em casa melhorou a vida da criança e de toda a família. O valor que a mãe utiliza para fazer o medicamento é de R$ 70 por mês.
“Sua qualidade de vida se deteriorou com três medicamentos, teve insônia durante dois anos, chorava toda noite. Outro dia, se não dormia, aumentava a crise, era um círculo vicioso. Ele não dormia e a gente também não. E, com a maconha, a verdade é que começou a dormir à noite, desde o primeiro dia. Dorme toda a noite, às vezes um pouco mais tarde, mas consegue ter um sono tranquilo”, declarou a mãe.
“É muito importante hoje o Brasil olhar para o que está acontecendo no Chile e trazer essa experiência para cá, porque é uma experiência que beneficia a saúde pública, quebra o paradigma da proibição das drogas em benefício da saúde pública. São crianças que estão morrendo, são crianças que convulsionam, são pais que estão passando por extremas dificuldades, enquanto nós estamos apenas pensando em proibir uma planta que pode ser muito útil para a sociedade brasileira, principalmente para as crianças que sofrem”, declarou o advogado Emílio Nabas.
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