O refrigerante está virando o novo “cigarro” no quesito vilão da saúde. Restaurantes e outros espaços de atendimento ao público na França foram proibidos de oferecer refrigerantes e outros tipos de bebidas açucaradas em forma de refil no esforço para reduzir a obesidade no país. A decisão não é isolada. Vários países estão adotando medidas semelhantes e a Organização Mundial da Saúde (OMS) recomenda taxar as bebidas açucaradas, ligando-as à obesidade e ao diabetes.
A legislação francesa atinge em cheio os estabelecimentos que têm máquinas de refrigerantes onde o cliente se serve, uma característica de restaurantes familiares e cafés em alguns países como o Reino Unido, onde um novo imposto será introduzido no próximo ano.
Obesidade
O objetivo da lei é “limitar, especialmente entre os jovens, os riscos de obesidade, sobrepeso e diabetes” de acordo com as recomendações da OMS. Uma pesquisa recente da Eurostat apontou uma taxa de obesidade de 15,3% da população, o que é um pouco abaixo da média da UE de 15,9%. A revista médica francesa Bulletin Epidemiologique Hebdomadaire aponta que quase 57% dos homens franceses com mais de 30 anos estão com sobrepeso ou obesos, de acordo com um relatório publicado em outubro. Cerca de 41% das mulheres da mesma faixa etária também apresentam sobrepeso ou obesidade, segundo o estudo.
San Francisco
Podem as autoridades de saúde pública forçar os americanos a mudarem o hábito de beber refrigerantes? Se depender da Universidade de San Francisco, um centro das ciências da saúde que tem mais de 24.000 empregados em seu campus, a resposta é sim. No ano passado, a UCSF removeu bebidas açucaradas de todas as lojas, caminhões de alimentos e máquinas de venda automática em seu campus. Mesmo as populares cadeias de fast-food pararam de vender Sprite, Coca-Cola e seus irmãos açucarados, a pedido da universidade.
E ainda por cima, a iniciativa virou pesquisa: a universidade vai estudar o que acontece quando as pessoas que estavam bebendo grandes quantidades de açúcar durante o dia de trabalho de repente parar. Os pesquisadores têm avaliado 214 funcionários voluntários em um estudo rigoroso, recolhendo amostras de sangue para ver se houve grandes alterações metabólicas nas pessoas que baixaram a ingestão de refrigerante. Enquanto eles esperam publicar resultados completos em breve, os indicadores iniciais são promissores.
Desde que a política entrou em vigor há um ano, a universidade diz ter registrado uma queda significativa no consumo de refrigerantes entre seus funcionários. Uma pesquisa com 2.500 funcionários descobriu que, antes das restrições, alguns deles bebiam um litro de refrigerante no trabalho e em casa todos os dias. Seis meses depois que a política entrou em vigor, esses trabalhadores tinham reduzido seu consumo em cerca de 25%.
Mais impostos e menos propaganda
Eleitores em Boulder (Colorado) e outras três cidades da Califórnia – San Francisco , Oakland , e Albany – aprovaram novas taxas para os refrigerantes em plebiscitos que aconteceram durante as últimas eleições nos EUA, em novembro. Bebidas adoçadas com açúcar tem sido associada à obesidade e diabetes e a nova legislação quer frear o consumo.
A indústria de refrigerantes dos EUA está sofrendo com o impacto na queda do consumo, a maior em 30 anos. A Organização Mundial de Saúde defende o aumento dos impostos como estratégia para conter a disseminação da obesidade e diabetes, mas adverte que um imposto não será uma solução mágica. O México aprovou seu próprio imposto sobre refrigerantes em 2013 e viu as vendas caírem apenas de 6% em 2014.
Em San Francisco, desde de julho do ano passado, as propagandas de refrigerantes têm de vir com um aviso de que o produto faz mal à saúde. A medida já está em vigor também em Washigton e Nova York. Leia mais sobre as legislações sobre bebidas açucaradas nos EUA aqui.