Exposição na Câmara dos Deputados mostra como a indústria do tabaco enganou as pessoas

31/05/2010

No início do século XX, a indústria do tabaco percebeu que o público feminino era um mercado de grande potencial. A mulher passava a conquistar novos espaços sociais, e as companhias não tardaram em utilizar-se de símbolos como a sensualidade e o glamour para atraí-las e convencê-las a tornarem-se fumantes. Fumar passaria a ser um símbolo de emancipação e de independência feminina. Essa e outras estratégias são claramente identificadas nas peças que compõem a exposição Propagandas de Cigarro – Como a Indústria do Fumo Enganou as Pessoas, aberta hoje na Sala do Servidor da Câmara dos Deputados. A exposição, originalmente organizada nos Estados Unidos pelos médicos Robert K. Jackler e Robert N. Proctor (professores da Universidade de Stanford), foi trazida ao Brasil com exclusividade pela agência de publicidade novaS/B. Antes de chegar ao Distrito Federal, a exposição passou por São Paulo (Livraria Cultura e Catavento Cultural) e Rio de Janeiro, (Caixa Cultural), recebendo milhares de visitantes. A mostra inclui peças impressas e filmes comerciais das marcas de cigarro veiculados entre as décadas de 1920 e 1950 nos Estados Unidos. Para a mostra em Brasília, aberta no Dia Mundial Sem Tabaco que este ano enfatiza os riscos para as mulheres, a curadora Bia Pereira optou por acrescentar à exposição um novo painel com peças voltadas às mulheres. Um dos anúncios apresentados mostra uma jovem enfermeira de guerra acendendo o tabaco no cachimbo de um soldado ferido. No rodapé, o texto pede uma doação para a compra de fumo aos militares. Em outra peça, uma mulher esguia e denotando segurança, vestida de terno laranja acetinado, diz em propaganda da Virgínia Slims: “Você chegou longe, baby”. Atrás da jovem, um frasco cheio de moedas e notas de dólares e uma frase afirmando que, na década de 50, aquela era a “conta bancária” das mulheres. O material mostra, além das mensagens dirigidas às mulheres, outros recursos de convencimento envolvendo bebês e crianças, como apelo emocional aos pais, e até um Papai Noel fumante.