A maior crise humanitária desse século. É dessa forma que a ONU define a crise na Síria, que já matou mais de 230 mil pessoas e vem gerando uma enorme crise migratória. Para conscientizar e sensibilizar os britânicos à respeito disso, a ONG Save The Children criou uma ação que deu uma pequena amostra da dura realidade que milhões de famílias sírias enfrentam diariamente em seu território.
Com a ajuda de atores, foi criada uma série de eventos que interromperam por um dia a rotina da população da cidade britânica de Surrey. Eventos que, se para os britânicos são incomuns, para os sírios, infelizmente, não são. Através de câmeras escondidas, foram registradas as reações em tempo real da população diante dessa nova rotina. As escolas fechadas, a falta de alimentos e produtos básicos nos mercados e serviços de saúde interrompidos por ações arbitrárias da polícia foram o suficiente para assustar e irritar a população local.
A mãe de um dos estudantes da escola fechada descreveu o impacto da ação:“ Os portões estavam fechados. Eu pensei, por quê minha filha não pode ir para a escola? Me emocionei pensando nisso. Isso me fez perceber que precisamos estar conscientes e fazer das nossas crianças conscientes do que está acontecendo lá”. Ao fim do vídeo do experimento social, a ONG destaca a mensagem: “Só porque não está acontecendo aqui, não significa que não esteja acontecendo.
“Apesar da generosidade do governo do Reino Unido e de outros, o dinheiro para ajudar os milhões que vivem em campos de refugiados está acabando. Estas famílias enfrentam agora uma escolha extrema: voltar à uma zona de guerra ou arriscar suas vidas durantea a travessia. Se a população européia não aceitaria ter seu acesso à alimentação, saúde e educaçnao, por quê as famílias sírias devem?”, questiona Justin Forsyth, CEO da Save the Children, que aproveita para lembrar que as situaçoes criadas no experimento ainda são pequenas perto da realidade síria, que vem enfrentando a violência de uma guerra civil desde 2011.
A crise na Síria
A crise começou em 2011 com a repressão violenta do presidente Bashar al-Assad aos grupos da oposição, que resultou em uma guerra civil que dura até hoje. A situação ficou ainda mais grave com a ocupação do Estado Islâmico (EI), que passou a controlar grandes parte do país com violência contra civis e ameaças às operações de ajuda externa. O número de mortos pelo conflito ja passa dos 230 mil, sendo 11,5 mil crianças.
De acordo com a ONU, o número de refugiados sírios supera 4 milhões, e nos últimos 10 meses, a quantidade de refugiados do conflito, aumentou em um milhão. Além disso, 7,6 milhões de pessoas foram deslocados dentor do póprio país. “É a maior população de refugiados por apenas um conflito em apenas uma geração“, afirmou o Alto Comissário, Antonio Guterres, em um comunicado oficial da ONU.
Para a ONU, a jornada de fuga se torna cada vez mais perigosa e difícil, já que, por falta de dinheiro, famílias recorrem à grupos clandestinos para fazer a travessia. O caso do menino sírio Aylan, que se tornou o símbolo dessa crise ao ser fotografado sem vida após um naufrágio durante a travessia retrata bem esse cenário. (Leia mais aqui)
O crescente número de refugiados na europa gera uma divisão entre os países europeus sobre a forma de gerir esse fluxo de pessoas deslocadas. Enquanto países como a Hungri mostram resistência para colher os refugiados, a Alemanha afirma que poderá receber até 500 mil refugiados por ano nos próximos anos, mas pede para que os outros países ajudem.”Se a Europa fracassar na crise dos refugiados, essa ligação com os direitos civis universais será rompida“, alertou a chanceler, Angela Merkel, em entrevista para a BBC.