Uma celebração na empresa. Entre brindes a comemoração dos resultados alcançados.”Mais da metade de nossos clientes morrem em consequência do uso dos nossos produtos”, comemora um homem. “Só no nosso país são 20 mil pessoas mortas por ano”, reforça outro. “Todo dia, cem crianças se tornam viciadas”, celebra uma mulher. “E a gente coloca só para adultos no pacotes para torná-los ainda mais atraentes para elas”, acrescenta o chefe, “Causamos seis vezes mais mortes que crimes, álcool, drogas e acidentes de carro”. Para finalizar, comentam que é tudo dentro da lei e ninguém será responsabilizado.
Sinistro, né? O filme especula como seria uma reunião de uma empresa fabricante de cigarro. Uma saída criativa bem diferente da tendência de desestimular o uso do tabaco mostrando de forma mais crua os efeitos da substância no corpo humano. Embora carregue no tom do humor negro – a empresa mais parece um coletivo de sociopatas – todos os números citados são reais. Na Holanda, o tabaco é a principal causa de morte. A peça faz parte da campanha de prevenção ao fumo da Stivoro, uma fundação de saúde pioneiro no combate ao tabagismo no país. A criação é da Wefilm.
Controle do consumo
No Brasil, as estratégias de controle do tabaco estão reduzindo o consumo. A constatação é do INCA, que cita a política de preços mínimos como um exemplo, pois está diretamente ligada à redução do consumo do cigarro em todas as faixas etárias. Considerando que a experimentação de cigarro entre os jovens é alta e que cerca de 80% dos fumantes iniciam o hábito antes dos 18 anos, o preço é um inibidor.
Outra ação importante foi a proibição do consumo de cigarros, cigarrilhas, charutos, cachimbos, narguilés e outros produtos fumígenos, derivados ou não do tabaco, em locais de uso coletivo, públicos ou privados – mesmo que o ambiente esteja só parcialmente fechado por uma parede, divisória, teto ou até toldo. Também foram extintos os fumódromos e a publicidade passou a ser ainda mais restrita.
Cinco anos depois de entrar em vigor no país a lei que proíbe o cigarro em lugares fechados, o número de fumantes passivos no trabalho teve queda de 34,4% entre os adultos nas capitais brasileiras. A redução é constatada no comparativo entre os levantamentos realizados em 2011 e 2015 pela pesquisa Vigilância de Fatores de Risco e Proteção para Doenças Crônicas por Inquérito Telefônico (Vigitel).
Em 2011, a média era de 12,2% de pessoas expostas à fumaça de cigarros e outros produtos derivados do tabaco no trabalho. Segundo a Vigitel 2015, o número caiu para 8% nestes ambientes. Entre os não fumantes, a proporção de homens que se expõe ao tabagismo passivo é 12%, enquanto entre as mulheres é de 4,6%. A frequência do fumo passivo no trabalho foi maior entre os brasileiros com idades entre 25 e 64 anos. O estudo foi realizado com mais de 54 mil pessoas, maiores de 18 anos, nas 27 capitais do país em 2015.
O levantamento também apontou redução no número de fumantes passivos em casa. De acordo com o Vigitel 2015, a queda foi de 22,8% entre a população adulta das capitais brasileiras. Em 2011, o número era de 11,8%, caindo para 9,1% no atual levantamento. A frequência de fumantes passivos no domicílio foi maior entre os mais jovens (18 a 34 anos), em ambos os sexos, sem distinção segundo escolaridade. Entre as capitais que apresentaram a maior diminuição nesse período estão Fortaleza (52,3%), Boa Vista (51,3%) e Vitória (51.2%).