Betty B. é um monstro. Primeiro ela é legal com a protagonista desta campanha. Depois inventa mentiras e a persegue. Por fim, a adiciona no Facebook e diz que seria melhor que cometesse suicídio. Betty B. é um monstro mas existem muitas bettys à espreitas das crianças. O habitat natural é a escola, mas pode ser uma amizade que surgiu no mundo virtual. O importante é impedir que continuem fazendo bullying.
A campanha é puro storytelling, usando uma narrativa que lembra um pouco o obscuro Stranger Things. Cenário misterioso em uma fotografia de tons frios. Ninguém aparece em cena, só a narração dos fatos feita por uma voz de criança. A criação é da Reset Content com texto, direção e produção do diretor Matt Bieler.
O mais assustador, no entanto, são os números: 83% das meninas e 79% dos meninos disseram ter sofrido bullying na escola ou online nos EUA. Como impedir as “bettys” na vida real é um desafio ainda não solucionado pelas autoridades escolares mundo afora. Na Finlândia, uma experiência chamada KiVa (de Kiusaamista Vastaan, que significa contra o abuso escolar) está tendo bons resultados.
A platéia
O programa ataca a raiz do problema: a platéia. O agressor quer visibilidade e poder. Por isso, a estratégia se esmera em reforçar os laços de empatia e respeito entre os estudantes de 6 a 12 anos, ensinando-as a aceitar as diferenças. “Por isso, o foco é agir sobre os espectadores das agressões para que eles influenciem a turma toda de modo que esse tipo de comportamento não seja aceito. Se não houver uma plateia, o bullying não terá sentido e não acontecerá”, explica Johanna Alanen, gerente do projeto na Universidade de Turku e parte do time que trabalha desenvolvendo e aprimorando o programa na Finlândia.
O KiVa atua em três frentes: prevenção, intervenção e monitoramento. A prevenção é feita de maneira simples. Todas as escolas que aplicam o KiVa recebem um treinamento para que toda a equipe saiba o que é bullying e como identificá-lo. Depois disso, são escolhidos três funcionários para serem agentes KiVa: adultos que serão referência quando um problema acontecer e precisar ser discutido. Nas escolas que participam do programa (90% do sistema educacional finlandês), o KiVa é parte do currículo escolar com duas aulas semanais de 45 minutos. Com informações do blog Fucapi.