Durante os próximos dez dias, o Aeroporto Internacional do Antonio Carlos Jobim, também conhecido como Galeão, passa a se chamar Maria da Penha. A ideia é chamar a atenção para violência contra a mulher. A ação é da concessionária RioGaleão e foi desenvolvida pela Agência3 em comemoração ao Dia Internacional da Mulher.
Entre 8 e 17 de março, o Aeroporto terá seus ambientes decorados com peças da campanha. A nova mensagem de boas-vindas aos visitantes reforça a mensagem: “Olá. Eu sou a Maria da Penha. Pela minha história e minha luta, dou nome à principal lei brasileira contra a violência doméstica. E neste mês de março, emprestei meu nome ao RioGaleão. Esta causa precisa de visibilidade e do apoio de todos e de todas”.
A GOL Linhas Aéreas, parceira da campanha, adotará no período o título provisório “Aeroporto Maria da Penha” no discurso de boas vindas e despedida que os pilotos fazem nos pousos e decolagens no aeroporto internacional do Rio de Janeiro.
A Rádio RioGaleão também apresentará, durante uma hora por dia, o programa “Agora é que São Elas”, com repertório somente de grandes intérpretes femininas da música popular brasileira. A programação especial será diária permanecerá no ar até o fim do mês. A alteração provisória do nome do aeroporto também incluirá a troca do letreiro da estação de BRT.
Maria da Penha é uma referência à farmacêutica cearense Maria da Penha Maia Fernandes, que lutou durante mais de 20 anos para ver seu agressor punido e foi homenageada dando seu nome à Lei 11.340/2006, que traz medidas de proteção para mulheres sob ameaça ou risco.
Violência
De acordo com o Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), a cada uma hora e 30 minutos, uma mulher é assassinada por um homem no Brasil, o que totaliza 13 casos de feminicídio por dia. No último carnaval, dados da Polícia Militar indicam que o Rio de Janeiro registrou uma agressão a mulheres a cada quatro minutos. Ao todo, foram recebidas pela PM no período 2.154 chamadas para atender a ocorrências de violência contra a mulher pelo número 190.
De acordo com o Tribunal de Justiça do Rio, 118 novos casos de lesão corporal contra mulheres são registrados todos os dias no estado. Nos últimos seis anos, quase 260 mil ações por lesão corporal foram ajuizadas. Houve cerca de 195 mil casos de ameaças registrados e 120 mil medidas protetivas de urgência expedidas.
Inferiores
No Brasil, 19% dos homens acredita na inferioridade feminina – e algumas mulheres concordam com eles. Os dados são de uma pesquisa da Ipsos, que ouviu pessoas de 24 países para elaborar o relatório Global Advisor, focado nos temas do feminismo e igualdade de gênero. Os resultados mostraram que a situação das brasileiras é preocupante: 41% das entrevistadas no País confessaram ter medo de se expressar e de lutar pelos seus direitos. Esse percentual é bem maior do que a média global, que ficou em 26%. As mulheres do Brasil ficaram atrás apenas das indianas (as mais receosas em brigar pelos seus direitos, com 54%) e das turcas (47%).
Segundo da Ipsos, 14% das entrevistadas mulheres disseram que se consideram inferiores aos homens. Na média, o percentual geral (homens e mulheres) que concordaram com a questão no Brasil foi 16%. No mundo, essa fatia foi de 18%. Entre os entrevistados pela pesquisa em todo o mundo, 17% disseram que a mulher não deveria trabalhar fora de casa para poder cuidar unicamente da casa e da família. No Brasil, o índice de pessoas que aprovam essa ideia foi um pouco menor: 15%.
A grande maioria dos entrevistados no mundo todo, no entanto, é consciente sobre a desigualdade existente entre os dois sexos. Globalmente, 72% dos entrevistados disseram que existe desigualdade em termos de direitos sociais, políticos e econômicos para as mulheres. No Brasil, a diferença é percebida por 78% das pessoas. O País que menos acredita na desigualdade de gênero é a Rússia, onde 42% dos entrevistados declararam que existem diferenças sociais e de direitos entre homens e mulheres.