Feitos com papel à base de maconha, os cartazes da campanha de prevenção chamam a atenção nas vias do Uruguai. Com a legalização da droga no país desde 2013, as autoridades lembram que, igual ao álcool e outras substâncias entorpecentes, é muito arriscado pegar o volante após o consumo. A campanha foi feita para a Associação de Estudos de Cannabis do Uruguai pela agência The Electric Factory, em parceria com a empresa de sinalização out of home JCDecaux.
Os sinais foram instalados logo após o Natal e serão exibidos ainda mais algumas semanas nos principais bairros de Montevidéu. Cada painel foi feito com folhas de cannabis em processo parecido com a reciclagem de fibras naturais. Entretanto, que ninguém se anime: o processo de produção inutilizou a capacidade psicotrópica dos painéis.
A ideia é chamar a atenção da população com o uso do material inusitado. “O objetivo é convencer as pessoas a serem mais responsáveis no trânsito”, explicou o COO da agência, Juan Ciapessoni, em entrevista ao Adweek.
Perfil do usuário
O governo uruguaio adiou para este ano a venda de maconha legalizada em farmácias, que vai facilitar a aquisição legal da erva. Entretanto, não é difícil encontrar a droga. De acordo com reportagem do jornal El País, o há 55 mil usuários frequentes – ao menos uma vez por semana – no país. Os números são de uma pesquisa divulgada em novembro do ano passado, realizada pela Iniciativa Latinoamericana de Investigación sobre Marijuana.
Embora a droga tenha sido legalizada em 2013, segundo o jornal, a maioria desses consumidores ainda compram nas ruas o produto que vem do Paraguai, adquirido do tráfico de drogas, porque é mais barato – US$ 30 contra US$ 100 do legalizado e livre de impurezas. Apenas 27% dos usuários cultivam a planta para o consumo e 14% a cultivam em grupo.
O registro de usuários ainda é outro empecilho: 40% dos usuários revelou que não pretende se registrar, uma das exigências para a compra da maconha legalizada no país.