Intolerância relacionada à classe social
Intolerância com as classes sociais não é coisa de pobre, é coisa de intolerante
A desigualdade está aí desde que o homem vive em sociedade. Seja intelectual, financeira ou física, todos somos diferentes: nossas prioridades, pensamentos, ideologias, etc. O problema é quando a desigualdade se traduz em reações de ódio.
O personagem vivido por Miguel Falabella, nos anos 2000, em Sai de Baixo, dizia “tenho nojo de pobre”. Expressões como “coisa de pobre”, “tenho nojo de pobre”, “coisa de riquinho”, e outras tantas, servem para colocar mais lenha na fogueira da intolerância. Enquanto desigualdades são inerentes ao ser humano, o ódio com quem tem menos ou mais, por infinitos motivos, não é nada natural.
Em 2014, a professora Rosa Maria Meyer, docente do Departamento de Letras da Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro, foi afastada por publicação intolerante no Facebook, por depreciar um homem por suas roupas, o que acarretou reações igualmente intolerantes. Fica claro no post que, para ela, aeroporto seria lugar de gente “bem” vestida (classe alta) e rodoviária lugar de gente “mal” vestida (classe baixa).
(ABRIL, MAIO E JUNHO DE 2016) MONITORAMENTO BY TORABIT
As proporções mostradas nesse mapa de calor não revelam necessariamente a real incidência da intolerância em relação à aparência no Brasil, já que ele também é afetado pela densidade de pessoas com acesso à internet no País.
A intolerância de classe apresentada nas redes sociais mostrou ser majoritariamente visível, na qual o grupo é discriminado explicitamente por comentários intolerantes, por exemplo, o termo “vagabundo” para quem não tem um emprego.
Esse tipo de intolerância ocorre bem mais em sua forma abstrata do que real, mostrando que a intolerância de classe, até certo ponto, independe de ocorrências reais, o que é demonstrado em frases como “esse povo que usa a bolsa esmola”.
A esmagadora maioria das menções intolerantes captadas em nosso monitoramento é negativa, buscando depreciar um grupo de pessoas de acordo com sua classe social.
No primeiro período, notamos os pontos bem afastados e com poucas conexões, que representam comentários avulsos e com baixíssima taxa de compartilhamento. Refletem também o comportamento velado na hora de compartilhar esse tipo de intolerância.
Os pontos de conexões não analisados tiveram suas menções de origem apagados pelas redes sociais, devido seu teor ofensivo antes da nossa captura.
No segundo período, temos um cenário totalmente diferente do primeiro, com muito mais movimento. Isso ocorreu como resultado de um momento de intolerância política e que, consequentemente, também inflamou comentários com teor intolerante com as diferentes classes sociais, ilustrados nas menções acima.
Os pontos de conexões não analisados tiveram suas menções de origem apagados pelas redes sociais, devido seu teor ofensivo antes da nossa captura.
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