Segundo uma pesquisa do Grupo de Estudos Multidisciplinares da Ação Afirmativa (Gemaa), da Universidade Estadual do Rio de Janeiro, a participação de negros e mulheres em produções cinematográficas brasileiras, seja na direção, roteirização ou atuação, é super baixa. Entre os filmes nacionais de maior bilheteria entre 2002 e 2012, apenas 2% dos diretores são homens negros. E nenhuma era mulher negra.
Para dar destaque às raras produções, a diretora e roteirista Yasmin Thayná criou o Afroflix, uma plataforma colaborativa claramente inspirada no serviço de streaming mais conhecido do mundo, Netflix. Mas com duas diferenças. A primeira, é que o serviço do Afroflix é grátis. A segunda – e mais importante – é que os conteúdos audiovisuais disponibilizados devem ser, necessariamente, produções escritas, dirigidas, produzidas ou protagonizadas por pessoas negras. Podem ser filmes, vlogs, séries, curtas e clipes – e não necessário precisam tratar de qualquer questão racial. Só precisam ter uma pessoa negra como importante realizadora do projeto.
Em entrevista ao site da EBC, Yasmin Thayná explica a sua criação: “Nosso objetivo é gerar mais visibilidade para esses realizadores, porque de alguma forma a gente está silenciado, escondido no Brasil, então o Afroflix cria essa referência para a gente saber que há um monte de cineastas negros, mulheres. A gente precisava criar essa plataforma para saber que eles existem“.
Na plataforma, que não conta com nenhum tipo de ajuda financeira, já estão disponíveis mais de 100 produções nacionais. Mas segundo os seus idealizadores, novas indicações de conteúdos são bem-vindas, inclusive internacionais. Basta que se encaixem nas exigências da Afroflix e estejam de acordo com os termos de uso do site. Lançada em janeiro de 2016, a página oficial da Afroflix no Facebook já conta com mais de 9 mil seguidores.
Produção original
Se a Netflix inovou seu serviço de streaming também com suas produções originais, a Afroflix não ficou para trás. No dia 14 de junho, lançará o filme “Batalhas”, a sua primeira produção original. De acordo com Yasmin, o filme retrata o dia em que o Teatro Municipal do Rio de Janeiro recebeu pela primeira vez um espetáculo de funk montado e apresentado pela Companhia Na Batalha. Assista acima o trailer do filme.