A obra de arte incompleta

“Eu tenho mais quatro filhos, e é como se fosse um quadro de fotografia. Você olha e vê faltando uma parte”. Essa frase de uma mãe desesperada traduz a sensação dos pais das mais de 40 mil crianças que desaparecem por ano aqui no Brasil. E é também essa frase a inspiração para a comovente campanha que o Ministério Público do Estado de São Paulo lançou em abril para promover o Programa de Localização e Identificação de Desaparecidos (PLID).

Intitulada A obra de arte incompleta, a campanha fez uma intervenção bem sugestiva em uma das obras mais famosas do mundo, o quadro “Rosa e Azul” (1881), de Pierre-Auguste Renoir – que pertence ao acervo do Museu de Arte de São Paulo (MASP). Com a linguagem de curta-metragem, o vídeo de divulgação da ação mostra a obra original passando por um efeito de computação gráfica. “A saudade é o que nos mata aos pouquinhos. E a esperança é o que nos mantêm vivas”, diz uma das mães no filme criado pela agência VML. A divulgação foi feita nas redes sociais, com versão para TV e cinema.

Ao site do Ministério Público, a Promotora de Justiça Eliana Vendramini, coordenadora do Programa, afirma que ainda há muito a fazer diante de uma assunto tão sério, mas que é historicamente relegada pelo poder público brasileiro. Atualmente, mais de 9 mil pessoas estão desaparecidas no estado de São Paulo.