Sempre aqui por você
Um garoto de oito anos, com tutu rosa e boneca no colo? Alvo fácil para o bullying e julgamentos feitos com base em estereótipos. Tudo isso são obstáculos que o menino do filme enfrenta. Porque ele sabe o que é mais importante. A campanha de 125 anos da Leibniz, uma das mais tradicionais marcas de biscoito da Alemanha, traz para sua estratégia de branding a reflexão sobre empatia, amor e superação (do bullying, dos problemas de saúde).
O filme propositalmente deixa em aberto a relação entre os protagonistas no final. Podem ser amigos, irmãos ou até parceiros. O slogan é Sempre aqui por você. No site, a descrição da campanha é quase um manifesto. Diz que a “família” Leibniz é formada por pessoas que “simplesmente agem em vez de falar – e se superam”, “movem céu e terra e superam o próprio orgulho por alguém” e “pode fazer qualquer coisa para o outro.”
De um jeito sutil, a campanha fala de preconceito. E também de família em sentido amplo, que é algo recente na sociedade alemã. Na Alemanha, a união civil entre pessoas do mesmo sexo existe desde 2001. Desde 2013, os casais do mesmo sexo também gozam das mesmas vantagens fiscais que os heterossexuais. E, desde o ano passado, gays e lésbicas têm o direito de adotar uma criança que já havia sido adotada pelo parceiro ou parceira.
Refugiados LGBTs
Considerado um dos países mais tolerantes do mundo em relação às questões envolvendo LGBTs, a Alemanha criou centros de acolhimento para receber refugiados de países onde a orientação sexual é crime, às vezes punido com pena de morte. Instalados em Nuremberg e Berlim, os centros evitam que os refugiados continuem a sofrer ataques. De acordo com a Reuters, entre agosto de dezembro do ano passado, 95 casos de violência contra gays e transexuais foram registradas no país, principalmente em acomodações para refugiados e solicitantes de asilo. A maioria dos registros envolve agressões físicas, violência sexual, insultos, ameaças e coerção.
De acordo com estimativas de associações civis, há cerca de 3.500 solicitantes de asilo e refugiados apenas em Berlim. A Alemanha recebeu mais de 1 milhão de refugiados no ano passado, na pior crise imigratória europeia desde a Segunda Guerra.