Com mais de 3 milhões de visualizações em apenas uma semana, um novo experimento social realizado pelo Youtuber Coby Persin (famoso por produzir pegadinhas) registra como pedófilos virtuais têm suas ações facilitadas pela inocência de crianças e adolescentes nas redes sociais.
Intitulado The Dangers of Social Media (Child Predator Social Experiment), o experimento contou com a permissão dos pais de três garotas adolescentes. Coby criou um perfil fake de um garoto de 15 anos para iniciar uma conversa com elas através de uma rede social. Com a desculpa de ser novo na cidade e estar à procura de novas amizades, o suposto garoto as convencia de marcar um encontro, uma das táticas dos pedófilos.
Assim que marca o encontro com cada uma das jovens, Coby vai aos locais combinados – em parques, no carro ou na porta de suas casas – só que acompanhado dos pais das adolescentes. Ao serem questionados se eles conversam constantemente com as filhas sobre os perigos de falar com estranhos, todos são enfáticos ao afirmarem que sim. E acreditam que seus conselhos seriam suficientes para elas não aparecerem no encontro. O filme, porém, registra a surpresa dos pais quando todas elas aparecem nos encontros. Uma, inclusive, recebe o estranho na própria casa. Em entrevista, Persin relata que as jovens perceberam na hora o risco que poderiam estar correndo e que uma dela ficou tão nervosa com o susto que não conseguia falar e parar de chorar.
Após o filme ter tido as mais de 31 milhões de visualizações no Youtube e compartilhado mais de 21 mil vezes no Facebook, Coby foi convidado para falar sobre o assunto em diversos canais americanos. “Só mostra como a mensagem é forte“, afirma Coby, que aproveita para incentivar mais compartilhamentos. “Um compartilhamento pode salvar vidas”.
Apesar do sucesso, o vídeo também foi duramente criticado pela forma como aborda as jovens. A criadora da associação Free-Range Kids, Lenore Skenazy, argumenta no site da organização que o experimento usa uma tática do susto, não considerada a ideal por ela. “Não consigo me imaginar traumatizando meu filho dessa forma, podendo quebrar qualquer tipo de confiança que existe entre nós. Para mim, os pais estão humilhando seus filhos em uma tentativa equivocada de mantê-los a salvo de um perigo improvável“.
Vale ressaltar que, apesar de Lenore definir esse perigo como improvável, estima-se que existam mais de 750 mil pedófilos virtuais somente nos Estados Unidos. Em entrevista ao site da BBC, um dos maiores especialistas do mundo no combate a crimes de exploração infantil, Ernie Allen, alerta para a dificuldade de identificar esses criminosos. “Quase nunca estas pessoas correspondem ao estereótipo de criminosos. São médicos, advogados, esportistas, policiais, empresários“, explica. Allen afirma ainda que os pais estão subestimando esse perigo e que eles devem reconhecer que os riscos existem, mesmo que os filhos não saiam de casa. “Ao mandar uma foto de uma criança aos avós, eles devem ter em contam que estão mandado aquela imagem para o mundo. É preciso saber que quando se está online, se está em público“, conclui.