A nova campanha da Ogilvy contra o preconceito com portadores de HIV chamou atenção em São Paulo. Criada para a organização não governamental Grupo de Incentivo à Vida (GIV), as peças da campanha “Cartaz HIV Positivo” foram impressas com o sangue de nove pessoas soropositivas. Os cartazes foram espalhados em diferentes pontos da cidade como bares, paradas de ônibus e faculdades.
No filme, o interlocutor é o próprio Cartaz. Ele provoca: “Nesse momento você pode estar dando um passo para trás se perguntando se eu ofereço algum perigo”. A confecção dos materiais foi supervisionada pelo médico e coordenador do programa DST/AIDS de São Paulo, Arthur Kalichman. Ele próprio aparece no filme para lembrar que vírus HIV não sobrevive por muito tempo fora do corpo das pessoas. “Até porque nós sabemos muito bem como o HIV passa. E não é por cartaz”, completa.
Cada um dos cartazes conta a história dos voluntários que participaram da campanha. Eles também acompanharam as reações das pessoas. Algumas leram e seguiram adiante, outras encostavam o dedo sutilmente na gota de sangue. Um pedestre emocionado chegou a beijar o cartaz como forma de carinho e foi surpreendido: testemunhando tudo estavam alguns personagens da campanha. Entre elas, a consultora Silvia Almeida: “o grande vilão do preconceito é a falta de informação. Aquilo que a gente não conhece amedronta”.
Essa afirmação de Silvia reforça o conceito da campanha: “Se o preconceito é uma doença, a informação é a cura”. Em apenas um dia o filme foi visualizado por mais de 30 mil pessoas e vem sendo bastante elogiada nas redes sociais.
Apesar do preconceito contra portadores do vírus HIV ser um tópico importante, as autoridades de saúde alertam que o maior desafio quando se fala em AIDS ainda é a prevenção. Especialmente entre os mais jovens. Segundo dados do Ministério da Saúde, o número de infectados pelos vírus HIV aumentou em 33% dos jovens entre 15 e 24 anos. Para o Departamento de DST/AIDS do Ministério da saúde, os números podem ser explicados pela eficácia dos antirretrovirais utilizados no tratamento da doença. Hoje as pessoas costumam levar uma vida normal mesmo com a doença, diferente do que se imaginava anos atrás quando o diagnóstico era quase uma sentença de morte. Com isso, os jovens passam encarar a AIDS com menos seriedade.
Leia aqui sobre algumas campanhas que são mais voltadas para a prevenção da doença.
O Grupo de Incentivo à Vida
O Grupo de Incentivo à Vida é um grupo sem fins lucrativos que luta há 25 anos pelos direitos dos portadores do vírus HIV e das pessoas mais vulneráveis à infecção, oferecendo um trabalho através de parcerias para contribuir com o crescimento da mobilização comunitária no combate a AIDS. Entre esses projetos estão a luta por acesso gratuito a medicamentos, a constituição de fóruns e encontros de articulação nacional entre ONG’s/AIDS e a luta pela garantia dos direitos dos soropositivos.