Quando o vilão é próximo demais

23/01/2015

A maioria das mulheres são estupradas por conhecidos. Na frança, as estatísticas apontam que 8 em 10 mulheres vítimas desse tipo de violência foi abusada por alguém de seu círculo social. A campanha criada pela New BBDO para o Collectif Féministe contre le Viol (Coletivo Feminista contra o Estupro, uma ONG francesa) é chocante pela forma como mostra essa relação de proximidade.

O enredo se passa em uma festinha e mostra um tipo super simpático, Marc, chegando e cumprimentando todo mundo. Uma voz de mulher, em off, diz que ele é o melhor amigo e padrinho de casamento de Mathilde e Jean, os donos da casa. E é o cara mais engraçado que Nora já encontrou. Para Eric é o camarada com quem se pode contar para o que der e vier. “Para mim, ele é o homem que me estuprou. Mas quem vai querer me ouvir?” diz a voz e a câmara mostra o rosto tenso de uma mulher que, visivelmente, não conseguiu dizer a ninguém o que o “amigo ideal”, Marc, fez com ela.

De acordo com a ONG francesa, a personagem vivencia algo comum a muitas vítimas. Cerca de 86% dos casos de agressão sexual a vítima conhece a pessoa que a agrediu. A doutora Emanuelle Piet, presidente do Coletivo, explica quem são essas pessoas do círculo social das vítimas: “São maridos e companheiros, noivos, ex-noivos, pais, conhecidos, colegas de trabalho, chefes, e também amigos… o que é muito mais difícil para a pessoa agredida”. Os dados mais recentes indicam que 86.000 mulheres por ano, entre 18 e 75 anos, são vítimas de estupros ou de tentativas de estupro na França. Desse total, justamente por terem sido agredidas por alguém conhecido, somente 13% dão queixa à polícia. Em geral, somente 1% de agressores são condenados. O crime atinge mais as mulheres, mas os homens também sofrem esse tipo de violência: uma média anual de 16 mil, sendo a maioria menores de idade, são abusados sexualmente.

Uma pesquisa desconcertante, divulgada esta semana,  desenvolvida pela professora Sarah Edwards, da Universidade de Dakota do Norte, revelou que um terço dos jovens (31,7%)  ouvidos forçaria uma mulher a ter relações sexuais em uma “situação sem consequências”. Muitos deles, inclusive, não chamariam essas ações como estupro. Além disso, 13,6% dos participantes disseram que estuprariam uma mulher. Leia a íntegra do estudo aqui.