Na vitrine de uma loja no shopping da cidade de Caracas, manequins grávidas e vestidas com uniforme escolares chamam a atenção de quem passou por lá no mês passado. Era uma exposição organizada pelas instituições venezuelanas Fundana e Construindo Futuros para alertar sobre os números preocupantes de casos de gravidez na adolescência no país e estimular discussões a respeito de educação sexual. A ação durou todo o mês de novembro e também foi realizada em outros centros comerciais.
Segundo o Instituto Nacional de estatísticas da Venezuela, o país tem o maior índice de maternidade precoce da América do Sul, sendo que em 22% dos partos no país em 2012 as mães eram menores de 19 anos. Além disso, o relatório “Situação da População Mundial 2013”, realizado pelo Fundo de População das Nações Unidas (UNFPA) aponta que, diariamente, 20 mil meninas com menos de 18 anos dão a luz nos países em desenvolvimento. Entre elas, 200 morrem por complicações durante a gravidez ou o parto.”Em geral, a sociedade culpa as meninas por engravidarem.
A realidade é que a gravidez adolescente costuma ser não o resultado de uma escolha deliberada, mas sim a ausência de escolhas, bem como circunstâncias que estão fora do controle da menina. É consequência de pouco ou nenhum acesso a escola, emprego, informação e saúde.”, diz o diretor-executivo da UNFPA, Babatunde Osotimehin no site da BBC britânica.
No Brasil, a gravidez na adolescência também preocupa. De acordo com dados do IBGE, entre 2011 e 2012, foram registrados um aumento de mais de 84% (4.500 para 8.300) no número de partos de mulheres entre 15 e 19 anos. Os dados complementam que nessa faixa de idade 18% das mulheres já engravidaram ao menos uma vez.
Para Márcia Perigo, psicóloga do da Faculdade de Medicina do ABC, ao engravidar a adolescente se encontra em uma sobrecarga emocional e física, devido as novas responsabilidades inesperadas. relaciona ainda a gravidez ao abandono escolar, diversas restrições no dia a dia e da própria inserção futura no mercado de trabalho. “Quanto menos escolarizada e qualificada for a mão de obra, menores são as chances de sua inserção no competitivo mercado de trabalho.”, explica a psicóloga para o site bebe.abril.com.br.