A Anistia Internacional Brasil realizou ontem (9/11) o evento no Parque do Flamengo (Rio de Janeiro-RJ) de lançamento da sua nova campanha Jovem Negro Vivo, que denuncia o alto índice de homicídios de jovens negros no país. Além de uma variada programação cultural com funk, rap, batalhas de dança e competições de skate, foi montada uma exposição interativa onde manequins sem corpo (feitos de arame) representavam a indiferença da sociedade pelas vidas interrompidas pela violência. Voluntários coletaram assinaturas para o manifesto “Queremos Ver os Jovens Vivos” que, segundo o site da campanha, pretende pressionar as autoridades a tomar medidas que garantam aos jovens negros o direito a uma vida livre de preconceito e de violência.
Essa foi a primeira ação da campanha, que é um projeto de longo prazo, para colocar o assunto na pauta da opinião pública. A Anistia Internacional programou para o ano que vem um relatório que, a partir de análises da atuação do sistema judiciário e da polícia, pretende esclarecer a lógica por trás do número expressivo de violência contra jovens negros. Segundo o diretor executivo da Anistia Internacional Brasil, Átila Roque são necessárias ações governamentais que revertam este quadro, à semelhança do que foi feito com a fome no Brasil, na década de 90. “Hoje o país está fora do mapa da fome mundial. Temos que fazer o mesmo com o índice alarmante de homicídios que temos hoje – ficar fora desse mapa também”, alertou.
De acordo com a Anistia Internacional, o Brasil é um dos países onde mais se mata no mundo, com um aumento de 148,5% na taxa de homicídio nos últimos 32 anos. O que corresponde a mais de 1,2 milhões de vítimas. O vídeo da campanha mostra que os números da violência no Brasil ultrapassam os de países em guerra. Para se ter uma ideia, entre 2004 e 2007 cerca de 170 mil pessoas foram mortas nos doze maiores conflitos mundiais, como Paquistão, Israel e Palestina. Nesse mesmo período o Brasil ultrapassou 190 mil mortes, tendo como principais vítimas os jovens entre 15 e 29 anos. Anualmente no Brasil, 30 mil jovens morrem vítimas de homicídio, o que corresponde a 82 jovens por dia. Desses 30 mil, 77% são negros e menos de 8% desses casos chegam a ser julgados.