Justiceiros do Orkut só atrapalham

23/04/2007

Os justiceiros virtuais (veja notas anteriores) podem atrapalhar a Justiça ao investigar e punir por conta própria. Essa é a avaliação do presidente da ONG Safernet Brasil, Thiago Tavares Nunes de Oliveira, também advogado e especialista em crimes cibernéticos. A ONG, que tem parceria com o Ministério Público de São Paulo e do Rio de Janeiro, recebe as denúncias de usuários da internet contra abusos cometidos e repassa às autoridades.

De acordo com o presidente da Safernet Brasil, quem vê uma página que contenha crimes (apologia a drogas, pornografia, pedofilia, racismo, nazismo, neo-nazismo, etc) tem o dever de denunciar. Entretanto, ao invadir um perfil, mandar recados ofensivos e até mesmo investigar, os justiceiros estão atrapalhando a Justiça. Ele vê com preocupação por exemplo, a caça a pedófilos no Orkut. “A exposição a esse tipo de conteúdo sem o devido acompanhamento pode causar transtornos psicológicos”. Além disso, ao invadir uma página ou deletá-la (como fazem crackers), os justiceiros estão usando o crime contra o crime (invasão de privacidade).

Sobre perfis e comunidade difamatórios, clonagem (quando alguém pega a foto de outra pessoa e diz que é sua), ele recomenda que o usuário acione diretamente o Google. “Existe de fato uma omissão do Google em relação a comunidades e perfis criminosos”, reconhece. Ele recomenda que os usuários que sejam vítimas de injúria, calúnia ou difamação preservem as provas, não deletando nada, e façam um boletim de ocorrência. Depois, denunciem diretamente à Google por telefone, no fórum de usuários do Orkut e por carta registrada. “Ao enviar uma carta registrada, o Google toma conhecimento oficial do que está acontecendo. Se não tomar providência, o usuário pode pedir indenização à empresa”, explica o presidente da Safernet Brasil. Ele adianta que tipo de crime também não devem ser denunciados à ONG. Leia mais sobre justiceiros e como se defender dos abusos no Orkut no site da Safernet Brasil.