Por Marcus Flora
O Presidente da ANEEL, veio a público sugerir a realização da uma campanha incentivando o consumo moderado de energia face às suas expectativas de que um novo racionamento de energia não está descartado.
Casos de morte ou contaminação pela febre amarela assombram milhares de pessoas que correm aos postos de saúde no centro-oeste e em outras regiões.
35 mil pessoas morreram em acidentes de trânsito, nas estradas e cidades durante o ano de 2007, segundo as estatísticas oficiais. Muitos por excesso de velocidade, alcoolismo, imprudência e outras flagrantes desobediências às legislação.
Enfim, poderia descrever inúmeros outros temas onde o interesse público está manifesto em relação direta com a necessidade de informar e de comunicar.
Temas que não dizem respeito apenas ao poder público federal, estadual e municipal, mas, também aos outros atores que se relacionam com eles, como as grandes indústrias consumidoras de energia, as montadoras, as construtoras de estradas, a industria de bebidas e claro, o cidadão que consome, que tem seus direitos e deveres.
A cada dia, portanto, estamos diante de uma infinidade de temas que a maioria dos encarregados da comunicação de governos, de empresas, de ONGs e sindicatos, acreditam não fazer parte do universo de preocupação do seu público. Mas há com certeza alguns que compreendem diferente. Compreendem que há uma agenda na sociedade que preocupa e mobiliza cada vez mais gente. Que a facilidade com que a informação e a comunicação circulam nos tempos atuais, tornou antenada uma parcela cada vez maior da opinião pública, que já não acha natural o descolamento entre a comunicação destes vários atores e a agenda do dia a dia da sociedade. Parcela que está crescendo. Basta ver o efeito disto nos festivais internacionais de propaganda e na crescente especialização de agências estrangeiras em torno dos temas de interesse público.
Os temas listados no começo deste artigo poderiam ensejar o engano de que esta é uma pauta governamental. Não é. É cada vez mais uma pauta de todos. Quem está percebendo isto, agrega um valor enorme aos atributos de preço e qualidade, ou eficiência, ou compromisso social, que já tem.
Os temas listados no começo do artigo permitem fazer boas campanhas de todo tipo, considerando as formas tradicionais de se comunicar. Dão boas campanhas institucionais de governo que querem mostrar o que estão fazendo nestas áreas. Dão um bom mercado para quem quer vender alguns seguros, ou carros mais seguros, ou cerveja com menos álcool, ou seja lá que produto for a pode ser consumido por alguém que usa energia elétrica, dirige ou atua na área médica.
Mas, principalmente, eles permitem (como vários outros), que se façam boas campanhas de interesse público, que ajudem as pessoas a mudar seus hábitos, melhorar suas atitudes. Onde os produtos, a marca, a prestação de contas, não estarão dissociados do interesse das pessoas, mas, ao contrário, estarão interagindo fortemente com ele. Quem encampa esta forma de fazer propaganda, com certeza está indo na mesma direção da agenda que hoje sensibiliza um número cada vez maior de pessoas. Tem futuro.
*Marcus Flora é historiador e consultor do Blog Comunicação de Interesse Público.