Sucesso nas redes sociais do Brasil, com milhares de mulheres usando a hashtag #primeirosssédio para contar a primeira vez que sofreram algum tipo de assédio ou mesmo abuso sexual, a campanha ganhou o mundo.
Destaque em reportagens na imprensa americana e no site da emissora britânica BBC, a campanha feminista chamou a atenção de mulheres de diversos países que, estimuladas pela coragem das brasileiras, criaram a hashtag #firstharrassment – um tradução em inglês do nome original da campanha. Através da hashtag é possível acompanhar os relatos da primeira experiência de assédio sexual de mulheres de países como Estados Unidos, Reino Unidos, Chile, Dinamarca, Portugal e Holanda.
“Quando eu fiz 12 anos, comecei a evitar passar diante de lugares em construção ou lugares em que eu sabia que haveria muitos homens por causa das coisas sexuais e degradantes que eles gritavam para mim. Era tão ruim que um dia um deles me tocou e eu precisei mudar o caminho para a escola“, relata uma portuguesa. “Quando eu tinha 12 anos, estava esperando o ônibus pra ir para casa e um homem de uns 40 anos insistia em me levar para tomar um café ou comer pizza naquele instante”, contou também uma holandesa. “Ele me agarrou, mas o ônibus chegou e eu consegui entrar. Isso aconteceu em uma rua comercial movimentada às 20h.”. Veja outros relatos abaixo.
Procurada pela BBC, a criadora da campanha e da ONG Think Olga, Juliana de Faria comemora o sucesso da campanha e afirma que a repercussão da disvussão entre mulheres de vários países só comprova que o assédio sexual se trata de um problema universal. “Acontece aqui, no Egito, nos Estados Unidos e no Reino Unido porque estamos falando de uma disparidade que é histórica, a desigualdade de gênero“, disse. “É importante que, tanto aqui quanto lá, estejamos mudando a noção do que é esse comportamento, que era entendido como algo que faz parte de ser homem e parte da vida. Existe aí uma revolução feminina que diz ‘não’. É violência.”
#primeiroassedio no Brasil
A campanha brasileira surgiu no Twitter há cerca de duas semanas quando diversas mulheres compartilham relatos no Twitter sobre os primeiros assédios que sofreram na vida, levando a hashtag #primeiroassédio aos trend topics da rede social durante todo o dia. Criada pela ONG feminista Think Olga, a campanha é uma reação aos assédio sexual feito por usuários do Twitter a uma menina de 12 anos que participa do reality showMaster Chef Junior.
Em quase vinte dias de campanha, a hashtag foi compartilhada mais de 90 mil vezes. De acordo com a ONG, em pelo menos 3.111 tuítes, as vítimas detalharam o relato com a idade que tinham quando foram abusadas. A maioria tinha entre 9 e 10 anos de idade. Para ler o post que o blog publicou sobre #primeiroassedio, clique aqui.