Hoje, dia 13 de maio, é comemorado 127 anos da Abolição da Escravatura. E é surpreendente – e triste – que após mais de um século ainda existam casos de trabalhos análogos à escravidão. Para mostrar o verdadeiro custo do processo de confecção na indústria da moda e inspirar uma mudança permanente da população diante das condições precárias por trás dela, o movimento internacional Fashion Revolution lançou mais uma ação de experimento social.
Em um ótimo exemplo de ação de inversão de expectativa, o movimento instalou nas ruas de Berlin, na Alemanha, uma máquina que vendia roupas a apenas dois euros. Quem não se interessaria?
Mas não demorou muito para os interessados perceberem que era “barato demais para ser verdade”. Apesar de poderem de fato comprar as camisetas no valor de dois euros, antes da aquisição as pessoas se depararam com vídeos que denunciavam a realidade por trás da produção da roupa: histórias de pessoas que trabalham em condições precárias – e perigosas – para receberem, em média, 13 centavos por hora. A partir do vídeo, as pessoas entendiam que a exploração era a razão da camiseta ser incrivelmente barata.
Chocados, os – até então – interessados pela compra foram confrontados com a pergunta: “Você ainda quer comprar essa camisa de dois euros?”. Como resultado, ao invés de gastarem os dois euros para comprar a camisa, as pessoas decidiram doar o valor para ajudar o movimento na sua luta em promover uma mudança na indústria.
A luta da Fashion Revolution
Em abril, completou-se um ano do desabamento do Rana Plaza – edifício de uma fábrica têxtil – que matou mais de 1.000 trabalhadores em condições análogas à escravidão. O movimento Fashion Revolution aproveitou a data para convidar os consumidores a se juntarem à campanha “Who Made My Clothes?” e compartilharem uma foto com alguma peça de roupa do lado avesso para questionar à marca sobre a origem dela e usar as hashtags #whomademyclothes e #FashRev. Leia mais sobre a campanha, no post que o blog publicou.
De acordo com levantamento de dados do Ministério do Trabalho, mais de 47 mil trabalhadores explorados e submetidos à condições precárias de trabalho já foram resgatados nos últimos 20 anos. A grande parte de trabalhadores como eles se encontram na indústria têxtil.
Com campanhas como a “Camiseta de dois euros” e “Who Made My Clothes?”, a Fashion Revolution, segundo a fundadora Carry Somers, não quer que as pessoas boicotem suas marcas favoritas, e sim encorajá-las começarem a questionar sobre a origem das suas roupas – onde em quais condições foram feitas. “Os consumidores não causaram esse problema, mas isso não significa que nós não devemos ser parte da solução”, completa Somers, em entrevista à revista Marie Claire.