No trabalho infantil, se você cala, ele não para. É o que aconteceu com Jeilsa, Erinaldo e Jean, os personagens da campanha Não Cale do Ministério Público do Trabalho, lançada durante a Semana da Criança. Como tantas crianças brasileiras, ainda são obrigados a trabalhar, abandonando a infância e a escola. As histórias, baseadas em fatos reais, podem ser conferidas no hotsite da campanha.
A campanha reforça a importância das denúncias, que podem ser feitas gratuitamente pelo disque-denúncia 100. Além das peças de mídia impressa e out of home, o MPT está fazendo uma exposição sobre o trabalho infantil com elementos comuns ao dia a dia das crianças exploradas. A mostra vai percorrer várias cidades brasileiras e pode ser conferida também no hotsite. A criação é da Agência Um, com ilustrações de Flávio Jatobá e curadoria da DH, LO.
Números preocupantes
No Brasil, o trabalho infantil aumentou 4,5% entre 2013 e 2015. Há 3,3 milhões de crianças e adolescentes com idade entre 5 e 17 anos que trabalham de alguma forma, segundo levantamento feito em 2016 pela Fundação Abrinq. Desse total, meio milhão são menos de 13 anos e a maioria (62%) trabalha no campo, com a agricultura.
É ilegal o trabalho de menores de 16 anos, salvo na condição de aprendiz, a partir dos 14 anos. Nos últimos 20 anos, o Brasil reduziu de maneira significativa o número de crianças e adolescentes trabalhadores. De acordo com a Abrinq, muito ainda precisa ser feito para a erradicação do trabalho infantil em todo o território nacional. Estudos demonstram que trabalho infantil prejudica o desenvolvimento físico, psicológico e intelectual das crianças e dos adolescentes que o exercem. Esses jovens são afastados do convívio familiar e perdem o tempo valioso que teriam para brincar, descansar e estudar, além de ficarem vulneráveis a diversas formas de violência. O trabalho precoce pode, também, levar à queda do desempenho ou ao abandono escolar.