A Menina e o Touro

07/03/2017

*Atualização em 19/6/2017: esta campanha ganhou 3 Grand Prix no Festival de Cannes nas categorias Glass, PR e Outdoor.

A Menina Sem Medo enfrenta o Touro de Wall Street. Na véspera do Dia Internacional da Mulher, o coração financeiro de Manhattan recebeu uma nova peça de arte para provocar a reflexão sobre a condição da mulher. A campanha é da State Street Global Advisors (uma corretora do mercado financeiro) e quer enfatizar que as empresas com mulheres em posições de liderança funcionam melhor financeiramente. A criação é da McCann NY.

A escultura, intitulada “The Fearless Girl” (A Menina Sem Medo), foi feita por Kristen Visbal vai ficar no local durante uma semana. Ela parece enfrentar o Touro, de Arturo Di Modica em 1989 – que simboliza a força e o poder do povo americano. A agência está negociando com a prefeitura de Nova York para que ela possa ficar mais tempo.

A nova campanha também apela a mais de 3.500 empresas, clientes da State Street Global Advisors, para aumentar o número de mulheres em cargos de liderança. De acordo com a corretora, uma liderança independente e eficaz é feita com diversidade de pensamento, o que exige diretores com diferentes habilidades, conhecimentos e experiência. Em suma, medidas concretas para aumentar a diversidade de gênero é bom para os negócios

Um estudo da consultoria norte-americana MSCI indica que empresas com forte liderança feminina geram um retorno sobre o patrimônio líquido de 10,1% ao ano. Enquanto que o retorno para empresas sem mulheres em suas equipes dirigentes tiveram um desempenho de 7,4%. Nos EUA, uma em cada quatro empresas não têm sequer uma mulher em seu conselho e quase 60% dos conselhos executivos têm menos de 15% de mulheres.

Desigualdade no Brasil

De acordo com pesquisa realizada pela Câmara Americana de Comércio (Amcham), realizada com 350 executivos (homens e mulheres) de empresas no Brasil, 76% das companhias ainda não tratam funcionários e funcionárias com as mesmas condições. Para 80% dos entrevistados,  isso se reflete na baixa presença de mulheres em cargos de liderança.

Ainda segundo a pesquisa da Amcham, 47% dos gestores acreditam que igualar os salários deve ser a maneira mais correta de promover equidade de gênero em seus quadros de funcionários. O fato de conciliar a carreira profissional com maternidade e responsabilidades domésticas ainda é o principal fator que impede as mulheres de chegarem mais longe em termos profissionais. Para 86%, o papel cultural de chefe de lar faz com que muitas mulheres abandonem a carreira por não conseguirem conciliar as duas tarefas.

Apesar de reconhecerem esses problemas, os gestores brasileiros ainda fazem pouco para tentar corrigi-lo. Segundo a pesquisa, 52% dos entrevistados declararam não ter, em suas empresas, programas formais de valorização feminina e de combate à desigualdade de gênero.